quinta-feira, 21 de julho de 2016

Ela e o elevador


Dois rivais, que após um susto, resolveram fazer as pazes, uma inimizade e antipatia que vêm de anos. Ela o temia tanto que já chegou subir e descer vários degraus com a língua de fora, mas não se rendia. Por necessidade e obra do destino, ela ficou sem saída, precisava ir até o decimo segundo andar, não podia recuar. E lá vai ela enfrentar as escadas, quando chegou ao sexto andar, já estava exausta, então parou na frente do elevador e pediu para um rapaz acompanha-la, ele brincou, entrou e ia saindo, ela o puxou pela camisa e o colocou para dentro, ele fechou a cara, depois riu. Assim ela chegou ao destino, fez o que tinha que fazer e o drama se repete. Hum, não pensou duas vezes, sai correndo como uma louca desvairada, desce desesperadamente, mas estava escuro, começou a tremer, as vistas embaçaram e não conseguia mais dar um passo.
Uma luz acende lentamente e seus olhos estão à frente do terror. Cara a cara com o elevador, ele e ela, ali, parados, ela já havia se jogado no chão, canseira e medo. Arrastando e esticando o braço, ela abre a porta do mesmo. Lentamente entra e ele começa a descer. Após dois andares, o mesmo para subitamente.
A boca não consegue abrir nem para gritar. Ela, sem saber o que fazer, olha o celular que está no bolso e, tremendo, não tenta pegar. Cinco minutos presa ali, parece uma eternidade, ela não sabe se chora ou sorri. Pois o pior dos pesadelos já estava acontecendo. Sentiu um calor subindo pelo corpo e parecia que ia direto para mata-la asfixiada.
 Também teve a sensação de impotência e nudez. Sem forças, encosta a mão na porta e levemente bate, o anjo do lado de fora ouve. Vem correndo e dizendo: acho que tem alguém preso no elevador. E logo vem o socorro. Nos braços daquele anjo sai carregada, e logo se restabelece. Depois de muito tempo de reflexão, entendeu a lição, às vezes temos medos de coisas que nunca vão nos fazer mal, nos protegemos tanto, às vezes perdemos tantas oportunidades pelo simples medo de enfrentar a realidade.
Hoje ela já consegue entrar nele, conseguiu equilibrar o medo e acredita que nada acontece por acaso. Foi mais uma lição que aprendera, cinco minutos com seu corpo inerte e a mente acelerada, fez com que visse muitas passagens, lembranças que reviveu e um filme da sua vida assistiu. Onde pôde ver e constatar com seus próprios olhos. E agora tenta descrever e transmitir. Não espera ser ouvida por todos, mas não desiste de plantar a semente.
Ela e o elevador agora se entendem até por telepatia.

Na maioria das vezes que ela necessita do mesmo, ele aparece, claro que ela não resiste e sorri. Mas dentro de sua sensibilidade, ela não consegue viver algo, ter suas respostas, e guardar só para si. Instinto protetor necessita compartilhar e tenta alertar... Não desperdice seu tempo, medos e obstáculos deve saber que você é um ser pensante. Propenso a errar, se equivocar, mas também totalmente capaz de reconhecer e corrigir seus erros, admitir que não é perfeito, mas que é corajoso o bastante para recomeçar com dignidade.

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