sábado, 18 de agosto de 2018

A menina criou asas




 Hoje ela está livre; estava navegando há um período de aproximadamente dois ou três anos (o tempo pouco importa como também pouco importa tudo quanto seja relativo) em uma canoa furada, cujo piloto não se encontrava preparado para lidar com o leme.
Como exemplo vivo de que o mal não dura para sempre, ela foi resgatada, praticamente prestes a dar seu último suspiro.
Mergulhada em uma depressão profunda, refém de um amor egoísta que a proibiu de trabalhar e anulou sua vida social, e não dava conta de sequer, prover o sustento da unidade conjugal.
Tudo era limitado, menos a soberba e a prepotência, alegava estar na bíblia que a mulher deve ser submissa, tudo para por óbvio justificar a soberba, o mando e o autoritarismo.
Fazendo uma análise sobre a vida humana é visto que o respeito é a base de tudo, estando em casa ou em outro lugar.
Além do machismo, algo que era notável a todo instante era o complexo de inferioridade, tem gente que tem juízo e jeito para resolver as coisas, mas há também aqueles seres que agem por impulso e perdem o controle de tudo, tanto no amor quanto na parte financeira.
Diferenças existem e não é impossível conviver com elas, mas há modos inaceitáveis. Não havia um lugar que o indivíduo não fazia escândalo. Ela ficava envergonhada, nada ficava livre dos escândalos dele. 
A menina uma pessoa simples, sempre cultivou a boa educação.
As coisas faltando em casa, ela que sempre trabalhou em um ritmo invejável, profissão nas mãos e muito prendada, mesmo quando não gostava de fazer alguma coisa, tomava como desafio e aprendia tomar gosto e seguia em frente.
Sofrendo em um desespero mudo, um dia ajoelhou e pediu a Deus solução. Ela não sabia como agir, mas queria mudança.
Todo dia ela chorava de tristeza, cortaram suas asas, seu sorriso insistia em viver.
Até que em uma bela tarde, colocou a cabeça no travesseiro e decidiu dar um jeito na vida.
Revoltou-se contra aquela situação, deu uma de "louca" e reagiu, expulsou o machão de sua vida e de sua casa, que era simples, mas era dela.
A menina hoje ouve muita crítica quanto sua possível conduta desastrada, que em razão de ciúmes ou outros arroubos e reações inesperadas, fruto de impulsos havido por desmedidos - ledo engano, todavia - a menina sempre restou incompreendida!
Revendo o tempo de escuridão pelo qual passara, sofrendo na mão do machista, ela está muito consciente, ela jogou fora o que não servia para ela e só quebrou as coisas velhas. E as coisas velhas já passaram mesmo, tudo se fez novo.
A menina está de volta em seu habitat natural, onde reina a paz e a prosperidade.
A menina criou asas e voou livre como pássaro e dona de suas vontades. Fazendo do seu ninho cada vez mais aconchegante, de volta ao trabalho a felicidade é plena.
 Voando livremente e recusando sofrimento segue sua caminhada.
Há pouco tempo - após tantos eventos ruins, sobrevieram às mudanças substanciais e - lá no fim do túnel, a luz precursora da felicidade principiou a emergir. E a menina de um metro e meio - pequena no físico, mas enorme no coração e no espírito, se manteve firme como uma rocha.

E como sempre o mundo não para de girar e sem luta não há vitória.
Deus rapidamente veio ao seu encontro e disse: está proibida de chorar, só pode ser - se de alegria. Este ano você já entrou com o pé direito, seu pedido foi atendido, você queria um ano novo, vida nova...
Então compreendendo e aceitando o destino, a menina toma posse de suas asas cada vez mais ágeis e voa, voa no tempo de Deus.
Descobriu que é muito amada e retomou seu pacto com Jó, o dono da paciência.

Tudo se refez e acreditem a menina criou asas tão poderosas que acabou vivendo o milagre da superação.


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