quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Olhos de Eliza

 Um encontro maravilhoso com a pureza e simplicidade. Eu cheguei doente naquele templo. Adormecia e acordava no ombro do meu marido, ouvia passos e vozes tão perto  ao mesmo tempo distantes.
Senti que a multidão ocupara os lugares, humanos de todas as idades.
Lugar aconchegante que recebia com amor e dedicação, sem descriminação de classe social, racial, sempre com o objetivo de proporcionar o bem estar.
Por instantes meus olhos abriam e fechavam.
O gatinho se esparrama no corredor e prende atenção de muitos.
Orava em silêncio, queria muito participar daquela palestra.
Eu estava aérea, com sonolência e com muita enxaqueca... Não sentia meus pés.
Cabeça que levantava e caía...
Sorrisos e lágrimas ouviam e meu pensamento fortalecia, queria ajudar, mas não estava em condições.
- Meu Deus! Minhas preces foram ouvidas:
- O que é isto? O que estou vendo? Será que morri?
Na maioria das vezes nos perguntamos por que isso ou aquilo acontece, sempre vamos ter perguntas sem respostas.
Uns olhos arregalados, grandes e pretos como duas jabuticabas me olhavam fixamente, invadia meu eu, e parecia mexer em todos meus órgãos.
Aquela angústia foi passando como num passe de mágica, a paz envolveu-me de tal maneira que não consigo explicar.
Um olhar que sempre correspondia, não mudava o foco. Em um rosto tão perfeito que lembrava uma escultura tão bela e irretocável.
Meu corpo estava ali, enquanto eu vagava no universo, sofrendo a mutação da dor em alívio.
Em alguns minutos espaçados tentava enxergar e entender o que estava acontecendo, me via apenas dentro daqueles olhos, naquele rosto que repentinamente sorri para mim sem mostrar os dentes, sem desviar o olhar.
Olhos de Eliza que não descansa e não demonstra cansaço.
Até as crianças corriam e brincavam comportadamente com gestos silenciosos, o respeito era espontâneo e mútuo.
Uma menina vestida como uma princesa, sentadinha em um humilde banco de
madeira envelhecida, tocava a alma de muitos sem sair do seu lugar.
Quando tudo terminou. Eu já estava bem, a cura ali foi detectada e todos procuravam e queriam saber quem era aquele anjo, também tentei aproximar-me daqueles olhos que interagiu comigo todo o tempo. Consegui ver apenas um vestidinho rodado bailando e um laço de fitas nos cabelos longos, pretinhos e brilhosos contrastando com o cetim, ainda vi seus sapatinhos calçando uns pezinhos de boneca.
Olhos de Eliza que operava milagres, não tive a oportunidade de tocá-la, era grande a movimentação, como fumaça ela desaparecia no espaço. Mesmo com toda tecnologia existente no mundo ninguém nunca conseguiu ter imagens ou fotos dos Olhos de Eliza.


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